Sob o sol da cidade: ler Fortaleza com Jan Gehl e Birgitte Svarre
Ler A vida na cidade: Como estudar , de Jan Gehl e Birgitte Svarre, foi como colocar novos óculos para enxergar Fortaleza — uma cidade que conheço desde sempre, mas que, a partir dessa leitura, começou a se mostrar de um modo diferente. Gehl e Svarre nos convidam a observar a vida urbana não pelos prédios, nem pelos planos diretores, mas pelos gestos miúdos: quem senta na sombra de uma árvore, quem atravessa correndo uma avenida, quem conversa encostado num muro ao fim da tarde. Comecei a aplicar esse olhar quando caminhei pelo Calçadão da Beira Mar , recém-revitalizado. Vi casais caminhando, grupos de jovens patinando, vendedores de água de coco, turistas tirando fotos do pôr do sol e senhores jogando dominó sob o quiosque. Era a tradução viva do que Gehl chama de “vida entre prédios”: o espaço público como palco das relações humanas, um organismo que só existe quando habitado. Mas essa mesma cidade revela seus contrastes quando a gente sai das áreas turísticas. Em bairros c...