PENSAR O BRASIL COM OS PRÓPRIOS PÉS
Ler o primeiro volume de Consciência e Realidade Nacional , de Álvaro Vieira Pinto , foi, para mim, uma espécie de reencontro com uma pergunta antiga: o que significa pensar o Brasil a partir de nós mesmos? Não da Europa, nem dos Estados Unidos, nem das abstrações universalistas, mas do chão real, histórico e contraditório do país. A leitura não é leve — é um mergulho filosófico, denso, mas profundamente necessário. Desde as primeiras páginas, senti que Vieira Pinto não queria apenas elaborar uma teoria; ele queria convocar . Sua escrita carrega um tom de urgência, um desejo de que o pensamento brasileiro se reconheça como sujeito de sua própria história. Ele fala de “consciência nacional” não como um slogan patriótico, mas como um processo existencial e coletivo: a passagem da alienação à lucidez, do ser pensado ao ser que pensa. O que mais me marcou foi sua insistência em afirmar que a consciência do povo é um campo de luta . Ele nos mostra que o subdesenvolvimento não é ap...